Tuesday, November 9, 2010

"Procuramos independência

Acreditamos na distância entre nós"

Sim, eu adoro o antigo Capital!


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Minha mãe se esforçou tanto para me passar os valores feministas que acabou me tornando uma pessoa menos livre.

Não sei cozinhar ou costurar. Nem fazer faxina.
Sempre fui boa aluna, ótima em português, matemática e física.
Fiz curso de inglês e arranho no espanhol.
Me formei numa universidade federal.
Estou pronta para enfrentar o (meu específico e delicado) mercado de trabalho.

Ela me afastou tanto do tanque, do fogão e da máquina de costura... só esqueceu de me ensinar tarefas fundamentais para a independência de um ser humano.

Isso deve ter sido positivo, porque estou aprendendo a valorizar cada pequena tarefa.

Cozinhar a própria comida significar ter o poder de escolha.
Decidir o que vai comer e como o prato será preparado.
Ao contrário de devorar o que a empregada/restaurante/mercado decidiu por você.

Costurar/consertar os defeitos significa independência.
É, fica tosco e você corre o risco de sair na rua como um mendigo.
Mas a cada dia fico menos nas mãos de outros.

Faxinar a sua casa é um belo exercício físico em tempos de sedentarismo.
Mas, muito além disso, significa encontrar sua identidade, seu lar.
Não tem preço arrumar a casa do seu jeito, deixar com o seu cheiro.

Sem medo de meter a mão no ralo, manchar a roupa com água sanitária ou acabar com as unhas.

Ironicamente, há pouco tempo me toquei que nem minha maquiagem era eu quem escolhia.
Sim, porque eu usava as que minha mãe trazia do exterior. Portanto não eram as cores que eu queria ou que combinavam comigo.

Hoje eu escolho (e compro) minha maquiagem.
Certamente de marcas - muito - mais baratas... mas é a minha escolha.

Certa vez uma sábia me disse, durante uma animada discussão sobre o que um primo meu deveria escolher, que o importante não era que ele fizesse a escolha certa, e sim que a escolha fosse genuinamente dele.


É. Me sinto uma eterna adolescente deslumbrada com as descobertas da vida!

Friday, October 1, 2010

Everybody loves a winner

So nobody loves me

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De alguma forma, eu sempre erro.

Sabe aquela maquiagem linda, com olhos marcados e bochechas levemente rosadas?
Eu erro, fico com o olho borrado e cara de palhaça bêbada.

E o cabelo? SEMPRE fora do lugar, com fios arrepiados.
Sim, só eu consigo ter cabelo ruim/sem graça/descabelado/podre numa época com tantos produtos e tratamentos.
Juro que tento. Saio do banho, seco, faço uma escovinha na franja.

De alguma forma, sempre sai do lugar.

O corpo sarado? Bumbum sem celulite? Peitos GG?

NOT!

Nariz fininho, feminino, arrebitado.
Entrei na fila errada e fiquei com o nariz gordinho.

Tento prestar mais atenção nas roupas. Procuro novas combinações. Novos acessórios.

De alguma forma, sempre pareço ridícula.

Quando eu era mais nova, o problema era porque eu combinava tudo.
Depois, porque não combinava.
Aí veio a fase quase-hippie, com direito a saionas e sandálias de dedo.

Hoje em dia... nem sei.

Talvez eu simplesmente não seja assim. Desse jeito aí que as outras pessoas são.

E meu problema nem é ficar tentando muito. Porque nem tento tanto assim.
E mesmo quando não tento, fico insatisfeita.

Pois é... not a good day.

Tuesday, March 16, 2010

Eu vejo isso por cima de um muro

Se eu arquivasse realmente todos os posts de blogs meus (Jesus, escrevo desde 2003!), poderia ficar comprovado quantas vezes eu chego a mesma conclusão. São meses refletindo para bater no mesmo lugar de anos antes.

Assim, mais uma vez descobri que a resposta para qualquer problema sempre é viver. Não pensar nas questões e ir vivendo. O tempo vai mostrar as respostas sozinho. É sim.

É como fazer análise. Não importa se dentro da sua cabeça você acha que entende suas questões. À medida em que você vai falando, várias coisas vão surgindos. Pensamentos e associações que você nunca imaginou e de repente fazem todo o sentido.

Da mesma forma, lá estava eu despretensiosamente estudando quando pulou uma pergunta da minha boca: "você sente saudade de antes?".

A pergunta nem era pra mim. Mas virou.
E a resposta é não.
Eu não estou sentindo saudade de absolutamente nada. Não queria voltar para outra época da minha vida. Nem queria estar em outro lugar que não fosse aqui.

Só para cimentar, lá fui eu para a faculdade.
E foi uma grande bosta.
Não tenho mais paciência para aula, calouros, alunos, social, enrolações de departamento, ônibus, Niterói, pseudos, cerveja... ih, virei velha! Cansei total!!

Imagina passar por tudo de novo?
NEM PENSAR!


Bom perceber que a fase passou. O tempo da faculdade, e tudo que nele está implicado, passou. Foi-se.

Que venha o que tiver de vir.

Thursday, March 4, 2010

Through the open books on the grass

Spring and summer

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E eu nem tinha reparado que são quase 3h da manhã.

A chuva lá fora. Com gotas pesadas caindo no chão.
Tão gostoso.
Eu só precisava de um cigarro. Como nos filmes. Libertador.
De repente percebo a juventude,a beleza, o carinho.

Eu, numa linda relação, cheia de honestidade e vontade.
Eu, cheia de vida, idéias, planos, desejos.
Os desejos.

Agitada no travesseiro. Numa "midnight crisis".
Inventando milhões de problemas, como há muito tenho feito.

Uma chuva, um cigarro, um escuro.
Então tudo vira paz. Um silêncio, cheio de conforto e tranquilidade.

Acho que meu aniversário do ano passado só aconteceu agora.
"Desejo a você tranquilidade"
"Depois do seu aniversário a confusão vai passar"
Só esqueceram de dizer qual era o aniversário.

Feliz.

E, finalmente, com sono.

Friday, February 26, 2010

Don't go to strangers, darling, come to me

"I lift my glass to caring… and kindness and trust… and longevity and respect. To all the things that you'll need to keep your love alive. I wish you... happiness. And I hope that you forever spare each other pain. And if you find that is impossible, then I wish you forgiveness.”


Ao som de Etta Jones - Don't go to strangers
http://www.youtube.com/watch?v=08IR-eq-RMc


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E enquanto eu escrevo, recebo uma mensagem de uma amiga com sérios problemas de respeito na relação.
É.
Ironias da vida.

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Friday, January 29, 2010

"Everytime we say goodbye I die a little"

Após esse dia, nunca mais a vi, até que nos reencontramos - sendo impressionante que "nunca mais" possa ser usado desse jeito, "nunca mais até que...". Mais impressionante do que isso só mesmo ver uma pessoa numa festa, achá-la patética, e tempos depois a estarmos amando, para tempos depois não estarmos mais. Essa incoerência do amor quando revisto. Penso muito nisso, mais do que o necessário. Em como "é desconcertante rever um grande amor". Você olha para ele e não sabe onde foi parar aquilo tudo que deveria estar eternamente ali. Onde vai parar o sempre quando sempre acaba? Claro, "que seja eterno enquanto", e então não é eterno, pois a eternidade é infinita e finito é o amor, não é isso? É. Contudo, pensando sob outro aspecto, o que senti por ela ainda existe, uma vez que existiu naquele tempo e voa por aí em sua velocidade da luz. Pertencendo também ainda a mim o verbo que preencheu a lacuna desse vácuo. O verbo que eu disse dizendo "eu te amo". E se disse é porque era, e portanto é, já que a idéia dessa ação persiste. A ação não mais existe, diluiu-se no passar dos dias; tanto que, hoje, não entendo, não entendo, hoje, aquele sentimento, tão poderoso que mudou minha vida tão vertiginosamente. Cadê o amor que senti de tal forma verdadeiro? Somente em minha memória ou vagando por aí, em alguma maluca esfera quântica?


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Helena usava os mesmos brincos quando era casada com ele e depois, um dia, comigo. Uns brincões de brilhante. Pareciam que iam cair da orelha a qualquer momento, de tão pesados. Mas não posso negar que ela os usava com alguma classe. Eu? Nunca usei brincos, claro que não, pra quê? Chegam a me irritar, por serem tão ostensivos. E nesse dia, ela disse que era "muito masculino" mulher sem brincos. Hum-rum. Eu achava - continuo achando - que brincos são desnecessários para uma mulher de belas feições. E que, olhando bem, nenhuma é feia o suficiente para precisar de badulaques nas orelhas. Nem Helena, que tem a personalidade de esponja: é horrível quando está com gente horrível, é bonita quando está com gente bonita. Só que esponjas não ficam bem de brincos.

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"O efeito urano" - Fernanda Young

Thursday, January 28, 2010

"Here we go, they're back again. Look alive, warn your friends

We are warm and we are safe. Enjoy it while you can, before things change"


Porque problemas antigos merecem trilha sonora antiga!

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E como pode? Eu dou voltas, voltas e voltas. Passo pelos mesmos lugares centenas de vezes. Nunca é o mesmo lugar (ok, às vezes realmente é). Sempre há detalhes novos. Mas, sim... me encontro de novo lá.

De novo numa situação na qual eu não queria estar.

Ou queria? Afinal de contas, se eu volto a esse lugar é porque no fundo eu devo gostar.
As perversões do ser humano.

Devo gostar do conflito, do problema, do drama. Talvez eu ache excitante.
Por mais que na minha cabeça eu venha sempre parar aqui sem querer.
A vida é tão irônica.
Eu sentia que isso ia acontecer. Há sempre aquele momento em que você pensa "hum, algo de não muito bom vai acontecer por aqui". E acontece. Não devido a alguma coisa que você faça diretamente. Nesse caso o outro fez a primeira jogada. E a segunda, terceira. Talvez a quarta.

Mas como não se joga xadrez sozinho, eu também movi minhas peças. Confesso. Claro.

A vida é realmente irônica. Eu estava quieta, buscando o oposto do problema. Fugindo do perigo. Então Jesus, que é muito brincalhão, pega o problema e coloca do meu lado. "Agora, Ana, fique aí quietinha com o problema. Há!"

Mas passou. Sim, as invenções da minha cabeça estão cada vez mais passageiras.
Até a próxima, claro.

Agora eu vou varrer a casa. Porque a realidade é sempre menos dramática do que a cabeça.
Ai, ai, nada como lavar um pano de chão.